sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Distúrbio bipolar, as duas faces...


É viver em dois pólos opostos... a alegria e a tristeza...em dois extremos...
É viver entre a noite e o dia, o sol e a chuva, entre a luz e a escuridão, o preto e branco, entre tudo e nada...
É muito dificil lidar com isto - para o doente, que tão depressa entra numa tal euforia de fazer tudo, como o mundo lhe pertencesse como de repente entrar numa tristeza profunda, dor, angústia muitas vezes sem saber bem porquê - e para o mundo envolvente, tal como o médico diz as pessoas afastam-se... não sabem mesmo lidar, não fazem por mal ou também pode ser um estimulo, uma forma do doente se tratar, mas com o tempo voltam para nós, se forem realmente amigos verdadeiros voltam... palavras aferidas pelo médico... espero tanto que seja verdade as palavras do Dr. Laurrain...
Inicialmente tudo fora diagnosticado como uma depressão... pois os doentes bipolares não recorrem a ajuda quando estão numa fase de euforia claro, mas sim cabisbaixos... e foi o que fiz recorri a ajuda terapeutica quando estava muito deprimida...
A doença foi crescendo... lembro-me bem quando esta tomou proporções graves... foi em Abril quando fui ao concerto dos BSB.... é verdade... pois estava numa euforia, alegria tamanha para ver este maravilhoso concerto... a uma dada altura entrei numa irritabilidade sem motivo aparente... depois de tudo uma crise de choro, uma tristeza, atitudes desconexadas, enviezada da realidade... ao colocar-me do lado de fora, para quem estava comigo imagino o quanto foi complicado confrontar com estes episódios de humor... a essa pessoa peço as minhas desculpas... são coisas que marcam... foi como transformar um dia de sol num dia de chuva...
A bipolaridade foi tomando outras proporções... o pico bipolar aconteceu numa colónia com jovens... foram dias de uma euforia extrema, tão extrema que tal como me chamavam, parecia uma pilha duracel... não parava... dizer e fazer coisas sem nexo... no final desta colónia foi como o desabar do mundo, fiquei com um nó na garganta, uma tristeza enorme, depois vieram as lágrimas, até chegar ao ponto de entrar num crise de ansiedade... também fica o meu pedido de desculpa para quem se confrontou com a fase de euforia excessiva, e à posteriori para quem se cotejou com a fase de enorme vazio, tristeza...
O mundo foi escorregando das minhas mãos... o desespero tomou conta de mim... até chegar a auma altura de cobardia e desistir de mim, da vida...não aguentava ver-me assim... não aguentava sentir-me numa solidão tão profunda... mas estou aqui para contar a minha história... e se continuo é porque os designios de Deus quiseram que fosse assim...
Quis abrir as portas do meu coração ao falar da bipolaridade pois pode ser um testemunho que sirva para alguém que esteja a passar pelo mesmo que eu, que esteja numa fase mais triste da vida...
Para outras "Anas" que possam haver neste mundo digo não desistam de lutar, é a maior cobardia pensar na negritude de desistir da vida... lutem, agarrem a vida... a vida é para ser vivida!
Desenho estas palavras e as lágrimas caem, com vontade de ser a Ana que fui um dia, de me ver tratada, estabilizada, de espalhar sorrisos, ser feliz, de ter o mundo de volta suavemente nas minhas mãos e agarrar num terno abraço!*

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